Apesar de ano cheio de escândalos, Facebook tem lucro recorde no último trimestre de 2018

Em um feito um tanto inacreditável, considerando o péssimo ano que teve em 2018, o Facebook — recém-saído de um novo escândalo envolvendo um aplicativo de “pesquisa” voltado para adolescentes — divulgou um lucro recorde em seu balanço financeiro desta quarta-feira (30). A CNBC informa que o Facebook superou estimativas de analistas sobre lucros e […]
Lachlan Cunningham/Getty

Em um feito um tanto inacreditável, considerando o péssimo ano que teve em 2018, o Facebook — recém-saído de um novo escândalo envolvendo um aplicativo de “pesquisa” voltado para adolescentes — divulgou um lucro recorde em seu balanço financeiro desta quarta-feira (30).

A CNBC informa que o Facebook superou estimativas de analistas sobre lucros e receita. A empresa registrou um lucro líquido de US$ 6,88 bilhões no quarto trimestre de 2018 — acima dos US$ 4,27 bilhões do mesmo período no ano anterior. Isso significa um lucro de US$ 2,38 por ação, acima das estimativas de US$ 2,19. A empresa viu sua receita aumentar 30%, para US$ 16,91 bilhões, o que superou as estimativas dos analistas de US$ 16,39 bilhões.

Além disso, as métricas de usuários ativos mensais e diários continuam a crescer, com usuários diários atingindo 1,5 bilhão e usuários mensais atingindo 2,3 bilhões.

Quanto ao crescimento de usuários, aliás, os números informados pela empresa praticamente estão alinhados com as expectativas dos analistas. Mas eles também seguem o que foi um ano excepcionalmente tumultuado para a empresa, em que os problemas de relações públicas foram uma ocorrência quase semanal.

Na verdade, mesmo esta última semana foi um grande problema para o Facebook. O fundador e CEO da empresa, Mark Zuckerberg, publicou uma coluna constrangedora no Wall Street Journal, em que insinua que os usuários não confiam no Facebook porque não entendem como a rede funciona. Em seguida, o TechCrunch informou que o Facebook tem buscado adolescentes para usar uma VPN para “pesquisa”, que vê pega todos os seus dados de navegação na web e de uso do celular. Além disso, houve a denúncia na semana passada de que o Facebook estava há anos deixando crianças usarem os cartões de crédito de seus pais sem o conhecimento deles.

Além de tudo isso, houve, é claro, todas as outras coisas que mancharam a reputação da rede no ano passado. O fiasco da Cambridge Analytica aconteceu em 2018, assim como as alegações de sua cumplicidade com o genocídio em Mianmar, assim como muitos, muitos escândalos de privacidade e de troca de dados que davam a impressão de que nunca parariam de surgir. E não se esqueça da interferência eleitoral que Zuckerberg alegou ser impossível de eliminar completamente.

Como o Facebook sobreviveu a um ano assim? Simples: a rede detém dados de bilhões de usuários, que deliberadamente entregam suas informações pessoais, incluindo idade, gênero, afiliações religiosas e políticas, interesses, contatos, localização, hábitos de compra, etc.

A empresa usa esses dados para veicular anúncios especificamente adaptados aos seus interesses. Os anunciantes pagarão quantias exorbitantes de dinheiro para pôr as mãos em seus dados demográficos, e o Facebook possui o monopólio dessas informações.

É como o próprio Zuckerberg escreveu em seu texto publicado na semana passada: “Em uma transação comum, você paga uma empresa por um produto ou serviço que eles fornecem. Aqui você recebe nossos serviços gratuitamente, e trabalhamos separadamente com os anunciantes para exibir anúncios relevantes.” Ele pode não estar vendendo seus dados, mas está lucrando bilhões.

Talvez este seja o ano em que o Facebook comece a trabalhar em todos os problemas que está prometendo consertar. Mas ainda é espantoso ver que a empresa foi tão bem em um ano tão horrível.

[CNBC]

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