Entre falhas, furos e tempestades de areia, a pesquisa espacial deu passos importantes em 2018
2018 está acabando e, para comemorar mais um ciclo do nosso querido planeta Terra em torno do Sol, nada melhor do que relembrar quais foram as notícias mais importantes sobre nossa infinita busca pelo conhecimento de novos mundos. Não foi um ano fácil — muitos problemas deixaram engenheiros e astronautas bastante tensos — mas certamente teve suas vitórias e conquistas.
Tretas
Achou que ia ter só notícia boa, só notícia de descoberta, só grandes avanços da exploração espacial na retrospectiva de 2018? Achou errado: o ano foi marcado por despedidas e muitos problemas com sondas, rovers e demais equipamentos.
O telescópio Kepler, por exemplo, foi aposentado depois de ficar sem combustível. Foram nove anos de trabalho e aproximadamente 2.700 exoplanetas descobertos em sistemas estelares distantes.
Outro telescópio famoso, o Hubble, passou por problemas, mas continua vivo e trabalhando depois de um conserto inusitado: a NASA basicamente desligou e ligou um giroscópio defeituoso para conseguir tirá-lo do modo de segurança.
Outro cenário problemático se desenhou para os equipamentos da NASA que estão em Marte. O rover Curiosity teve anomalias de memória em seu computador, mas já voltou a realizar algumas operações científicas.
Já a sonda Opportunity “desapareceu” devido a uma tempestade de poeira no Planeta Vermelho — até agora, nenhum sinal dela. A NASA espera que até janeiro os ventos possam limpar a poeira de seus aparelhos para ela retomar as atividades.
Do lado russo da exploração espacial, a coisa não foi muito melhor, não. Uma falha no lançamento de um foguete Soyuz fez com que a Rússia suspendesse novas viagens para a Estação Espacial Internacional. Como a Roscosmos é uma das poucas agências espaciais a fazer esse tipo de viagem, a possibilidade de ter que deixar a EEI vazia chegou a ser considerada.
E essa nem é a pior das histórias envolvendo uma espaçonave russa. Um vazamento de pressão de ar foi detectado na Estação Espacial Internacional em setembro, causado por uma “microfissura” no casco da espaçonave Soyuz. Só que, ao que tudo indica, não era um buraquinho qualquer, não, mas um furo feito com uma broca, e suspeita-se que ele tenha sido feito de dentro. É uma história para lá de estranha, que deve ter repercussões em 2019.
Imagem: ESO
Com tanta coisa dando errado, não seria de se estranhar se houvesse até uma invasão alienígena. Até chegaram a considerar que o objeto interestelar Oumuamua fosse uma espaçonave de outra civilização, mas não era nada disso.
Feitos independentes
2018 também marcou novos feitos das empresas privadas que investem em exploração espacial. A SpaceX fez história ao lançar seu primeiro foguete Falcon Heavy, o mais pesado até o momento. Ele levou, inclusive, o Tesla Roadster pessoal do bilionário Elon Musk para o espaço, com o boneco Starman “na direção”.
View from SpaceX Launch Control. Apparently, there is a car in orbit around Earth. pic.twitter.com/QljN2VnL1O
— Elon Musk (@elonmusk) 6 de fevereiro de 2018
O futuro parece ainda mais promissor: a companhia anunciou em novembro sua primeira viagem espacial “turística”. Um foguete levará o bilionário japonês Yusaku Maezawa para um passeio ao redor da lua.
A SpaceX não foi a única. Um feito mais modesto, mas não menos impressionante, foi alcançado pela Virgin Galactic. A empresa enviou sua aeronave comercial SpaceShipTwo para voar a uma altura de 82,68 quilômetros. Ainda é abaixo da linha de Karman, linha a 100 km do nível do mar que define onde começa o espaço, mas já foi o suficiente para enxergar e fotografar a curvatura do planeta Terra.
SpaceShipTwo, welcome to space. ?? pic.twitter.com/tHHNSlkrd0
— Virgin Galactic (@virgingalactic) 13 de dezembro de 2018
O ano foi tão bom para o lançamentos independentes que até mesmo o doidão terraplanista conseguiu colocar seu foguete no ar.
Grandes descobertas
Apesar dos sucessivos problemas e dificuldades enfrentados pelas agências espaciais, houve, sim, consideráveis avanços, feitos e descobertas. Cientistas encontraram evidências de água em estado líquido presa debaixo de uma calota de gelo em Marte. Também ficamos sabendo que tem um pouquinho de gelo na Lua.
Passamos a conhecer melhor os anéis de Saturno: eles fazem material orgânico chover no planeta. E, com o tempo, isso pode mudar drasticamente o jeito como o conhecemos: em 100 milhões de anos, os anéis podem desaparecer. Claro, nenhum de nós estará aqui para ver isso.
Mas não foram só os planetas e luas que nos reservaram surpresas para 2018. Estamos, aos poucos, descobrindo objetos distantes do Sistema Solar, como Farout. A uma distância de 120 unidades astronômicas — isto é, 120 vezes a distância média entre a Terra e o Sol — Farout é o objeto mais distante já identificado.
Concepção artística do hipotético Planeta Nove, às vezes referido como Planeta X. A descoberta de um novo planeta anão nos confins do Sistema Solar está fornecendo evidências adicionais de sua existência.
A descoberta de alguns desses objetos aponta para possibilidades bastante interessantes. O Goblin, que está a 80 UA, dá mais suporte à hipótese da existência do chamado Planeta Nove, que teria grande massa e cuja gravidade explicaria as órbitas alongadas desses objetos.
Lançamentos e pousos
Voltando às viagens espaciais, um marco desse ano foi o pouso da sonda InSight, da NASA, em Marte. A pesquisa em asteroides também teve novidades, com a chegada da missão Hayabusa2, da agência japonesa JAXA, ao asteroide Ryugu, e o pouso da sonda OSIRIS-REx, da NASA, no asteroide Bennu.
Novos lançamentos também foram realizados: a China enviou uma espaçonave com destino ao lado escuro da lua, e a agência europeia ESA colocou no espaço a missão BepiColombo rumo a Mercúrio.
Entre tantos feitos, problemas e conquistas, já sabemos qual será a primeira grande notícia de 2019: a NASA confirmou que a sonda New Horizons se aproximará do objeto distante Ultima Thule nas primeiras horas do primeiro dia do ano.